Tapar o sol com a peneira
Rio Grande do Sul não pode tapar o sol com a peneira quando o assunto é educação
Resultados da avaliação devem servir para a correção de rotas, com medidas concretas e foco no aluno que não aprendeu
13/05/2022 ROSANE DE OLIVEIRA
Chega de fingir que o problema não existe ou que as dificuldades da educação pública no Rio Grande do Sul nasceram com a pandemia que manteve as escolas fechadas por quase dois anos. A pandemia agravou o que já vinha mal, mas a sensação de que antes a situação não era tão caótica advém da falta de instrumentos para medir a intensidade do terremoto.
A avaliação realizada pela Secretaria da Educação no início de março e que apontou um quadro desesperador precisa ser lida como uma tomografia ou ressonância magnética no caso de um paciente com doença grave. Por um exame de imagem tem-se o diagnóstico e a partir dele que o médico escolherá o tratamento.
De posse dessa tomografia, o que farão os responsáveis pela educação no Rio Grande do Sul? Por “responsáveis” leia-se o governador Ranolfo Vieira Júnior, a secretária Raquel Teixeira, os coordenadores de educação, os diretores, os professores, os prefeitos, os deputados, os pais e todos quantos se envolvem com o processo de ensino-aprendizagem.
Por ser a autoridade mais diretamente envolvida, é de Raquel que se cobram providências para que as crianças se alfabetizem na idade certa, o que foi impossível na pandemia, e terminem o Ensino Médio sabendo o mínimo esperado para essa fase da vida. Hoje não é assim. O governo Ranolfo termina em pouco mais de seis meses, mas a é preciso que se tenha um plano de médio e longo prazo para recuperar o tempo perdido.
Entre as medidas anunciadas por Raquel estão programas como o Aprende Mais, com o aumento da carga horária de língua portuguesa e matemática, a contratação de mais 4 mil professores para essas áreas, a bolsa formação para os docentes, o uso de tecnologias digitais e a preparação de professores para lidar com os aspectos cognitivos e emocionais.
No caso específico do Ensino Médio, que tem a situação mais crítica, a solução proposta pelo governo é de um ano adicional, facultativo, entre maio e dezembro, chamado de Escolha Certa. Nesse projeto, destinado a estudantes que concluíram o Ensino Médio em 2020 e 2021, os alunos que se inscreverem para mais um ano na escola não terão “mais do mesmo”, segundo a secretária. Além do necessário reforço em matemática e português, esses estudantes terão aulas de inglês e o chamado “projeto de vida”, de preparação para o trabalho, com preparação para o mundo digital. O quarto ano não é obrigatório, mas deveria ser uma escolha de pais e alunos para recuperar parte do que foi perdido.
ALIÁS
Na campanha eleitoral, todos os candidatos a governador prometerão dar prioridade à educação, mas será preciso questioná-los sobre como farão isso para além dos chavões conhecidos e, principalmente, que critérios serão usados para escolher quem vai administrar esta área estratégica.
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