Uso de exercícios domiciliares
Lives no Facebook e uso de exercícios domiciliares são algumas das medidas adotadas
Governo do Distrito Federal suspende aulas e eventos; na foto a Escola Estadual Elefante Branco na Asa Sul.Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
BRASÍLIA — As instituições de ensino organizam uma estratégia de educação à distância para manter as atividades letivas durante a crise do novo coronavírus. A análise de representantes das secretarias estaduais é de que a interrupção de aulas deve durar bem mais que 15 dias e que é preciso identificar alternativa para que os estudantes não fiquem sem aula.
Além de atividades com o uso de computadores, os gestores estudam remeter materiais físicos para a casa de alunos que não tenham condição de conectividade. Algumas universidades privadas já têm adotado ambientes virtuais para seguir com as aulas remotamente. Até o momento, 20 estados e o Distrito Federal já suspenderam as atividades escolares total ou parcialmente.
Nesta terça-feira todos os secretários estaduais de educação participarão de uma videoconferência para definir quais serão as estratégias adotadas para manter o cronograma de aulas da rede em meio à crise de Covid-19.
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No âmbito do ensino fundamental, de acordo com o Censo Escolar 2019, 36% das escolas estaduais não têm internet para ensino e aprendizagem. Na rede municipal o percentual é ainda maior: 70,4% não têm o recurso.
— Os estados vão se organizar para fazer as aulas à distância e de maneira programada. Em 15 dias a crise não se resolve, em países como a China as medidas duraram cerca de quatro meses. Não adianta ficar todo esse tempo em casa sem aprendizagem, vamos usar a tecnologia a favor da educação — afirmou Cecília Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Fazer aulas à distância não é uma opção para as redes municipais, segundo o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia. Ele afirma que além da falta de estrutura, a faixa etária principal atendida pelos municípios não está apta para ter aulas essa modalidade. Garcia afirma que as redes municipais trabalham com o cenário de reposição de aulas após o fim da crise.
— Estamos apoiando as propostas de cuidado extremo e seguindo os protocolos. Mas não temos recurso para ofertar aulas à distância. Além disso, o município trabalha com educação infantil e anos iniciais, esse aluno não tem autonomia e autocontrole que permita o uso disso como substituição às aulas normais. Podemos usar essas tecnologias como processos experimentais, mas não como substituição — afirma.
Aulas virtuais
No ensino superior, as universidades privadas já começaram a utilizar as ferramentas digitais para cumprir o calendário letivo. Professora da Unicarioca, no Rio de Janeiro, Luciane Conrado deu sua primeira aula virtual aos alunos da educação presencial na manhã desta terça-feira.
Desde que as aulas foram suspensas, ela organizou a divulgação de suas atividades on-line que acontecem por meio de uma live no Facebook no horário em que eram ministradas suas aulas presenciais.
A professora, que também atua no mestrado sobre uso de Novas tecnologias na Educação, dará aulas pela internet para turmas de Jornalismo, Publicidade e História da Arte.
— Pensei em como auxiliar no ensino presencial, porque o aluno da educação à distância já está mais acostumado a essa dinâmica. O aluno presencial não tem uma cultura de buscar o conteúdo na internet, de administrar o próprio tempo, entre outras coisas — explica Luciane.
Por isso, uma das saídas foi o recurso da transmissão ao vivo:
— Então resolvi fazer por live, porque os estudantes conseguem interagir pelos comentários. É uma maneira de usar as novas tecnologias par aproximação e não para distanciamento do conhecimento em um momento de crise de saúde pública.
A docente explica que após as aulas ela disponibiliza no ambiente virtual da universidade exercícios e pesquisas que os estudantes devem entregar como atividade regular.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier, a tendência é que as universidades particulares adotem a prática, mas caso haja a opção de suspender as aulas, esses conteúdos serão repostos sem prejuízo ao estudante.c
— Vivemos um momento de exceção, é uma situação de emergência, todas as questões colocadas ficam em segundo plano . Estamos trabalhando num momento em que temos que ser criativos e fazer com que a vida acadêmica ande no momento crítico em que vivemos — afirmou.
— Há pequenas e médias instituições que não têm recursos tecnológicos já disponíveis, nesses casos elas podem suspender as aulas ou usar exercícios domiciliares.