Vencer ou Panicar

Vencer ou Panicar

ESCOLHER VENCER OU "PANICAR"


(Sobre as pesquisas em Porto Alegre, a esquerda decidir ganhar e a Maria colada no Melo, na Atlas Intel de hoje)

1. As pesquisas têm errado. Muito. Por quê? Basicamente, quatro fatores: (1) Dificuldade de captar o componente emocional do voto e decisão cada vez mais tardia do eleitor, que se decide na última semana; (2) O voto obrigatório deixou de ser sinônimo de presença massiva nas urnas. No caso de Porto Alegre, com mais de 1 milhão de eleitores, historicamente se registrava mais de 800 mil votos válidos à prefeitura, porém, nas duas últimas eleições foram cerca de 650 mil e, agora, estima-se cerca de apenas 600 mil votos, ou seja, mais de 1/3 não vai pra urna; (3) O aparecimento de outsiders e fenômenos influenciadores, com intenção de voto difícil de captar em pesquisas; (4) A quantidade cada vez menor de institutos independentes, com a maioria vinculada aos interesses de quem está pagando a pesquisa. Em sua maioria, os institutos são contratados por partidos e candidaturas.

2. Gostemos ou não de sua metodologia, a Atlas Intel é o instituto que mais tem acertado em pesquisas não só no Brasil, mas no mundo inteiro, pois tem tido sucesso em captar o movimento do eleitor que vai pra urna, realmente. Vou dar um exemplo de fora do país: na Argentina, em 2023, a Atlas foi a única que acertou que Massa iria acabar o 1° turno na frente, quando todos os outros institutos de pesquisa apontavam vitória de Milei (que só ganhou no 2° turno). Muitos institutos apontava Massa em 3°, inclusive.

3. Pois acordamos com a nova Atlas Intel para Porto Alegre: Sebastião Melo 36,5%, Maria do Rosário 30,1%, Juliana Brizola 22,9%. No segundo turno, Melo 45%, Maria 44%. Não é apenas um empate, o primeiro em inúmeras simulações. É o crescimento do desejo de mudança e o clima de fim de festa para o ciclo do projeto político das administrações de Melo e Marchezan.

4. Mesmo com a aliança inédita de todos os partidos de direita, à exceção do irrelevante Partido Novo, mesmo dispondo de mais da metade de todo o tempo de propaganda de TV e Rádio, mesmo com a avalanche da máquina pública e dos poderosos interesses econômicos, Melo não decola. Quem está com ele é o eleitor tradicional conservador de Porto Alegre e ponto, nada mais. 61% dos entrevistados reprovam a administração do atual prefeito!

5. Por outro lado, não é à toa que utilizei o termo "panicar" no título desta reflexão: enquanto a candidatura de Maria do Rosário consolida todo o voto de esquerda e empata com Melo no segundo turno, além de visivelmente crescer em mobilização em todas as regiões da cidade (com campanha porta à porta e mutirões descentealizados), o que se vê é uma inquietude analítica sobre o que vai acontecer. Balanço político se faz depois, companheiras e companheiros. Agora é hora de escolher vencer! É a principal chance que se tem nos últimos 20 anos. O antes imbatível Melo (outrora muitos diziam que era eleição decidida, já ganha por ele), começa a revelar que tem um teto, chega em seu limite e que não vai conseguir sustentar a dianteira no segundo turno. Por quê? Porque o sentimento de mudança deverá brotar das urnas como inexorável e se terá igualdade de armas, com o mesmo tempo de TV pra Maria e pra Melo.

6. Alguém vai dizer: "é preciso falar sobre Juliana". Sim. Ela ocupou um espaço natural, o de tentar ser alternativa à polarização. Cresce a ponto de ir para o segundo turno? Não. Certeza? Sim. Os motivos são simples: (1) Os pólos são consolidados na capital gaúcha, historicamente. Na direita só houve desidratação quando havia uma outra alternativa conservadora. Na esquerda, o mesmo, com o campo nunca baixando de 25% na cidade, onde Lula, Edegar e Olívio desempenharam muito bem nas últimas eleições; (2) Não há outsiders nesta eleição, o que poderia gerar surpresa de última hora e, tampouco, Juliana é novidade; (3) Juliana tem a menor chapa de vereadores do que Melo e Maria, além do Cidadania e do PSDB, que a apoiam, estarem divididos entre ela e Melo; (4) O apoio de Eduardo Leite ajuda por um lado e atrapalha de outro: não haverá migração de voto da esquerda para uma chapa em que o governador está, dado que este aplica o neoliberalismo em sua gestão, ataca sistematicamente Lula e deseja ser candidato a Presidente da República em 2026; (5) Nos debates da Gaúcha e Guaíba, ontem, o desempenho de Juliana foi tímido e frágil, face ao contraste de uma Maria do Rosário no melhor estilo coração valente, que enfrentou Melo e Camozzato ao mesmo tempo, com raciocínio afiado e sem titubeações sobre o que é preciso fazer na cidade.

7. O que nos reserva? 10 dias que definirão os destinos da cidade. A responsabilidade de cada um é para além dos grupos de WhatsApp. É mobilização de rua, participar de atividades que deem visibilidade, adesivo no carro, bandeira na mão e campanha de Internet em redes abertas, deixando um pouco de lado os grupos da nossa bolha.

8. Finalmente, é preciso relembrar: a decisão cabal do eleitor é nesta semana. O componente emocional conta muito. As chuvas que nos castigam nesta quinta-feira relembram os corações e mentes dos portoalegrenses sobre o pesadelo de maio. Em toda a cidade se percebe que o sistema de drenagem da cidade não teve manutenção pós-enchentes, ao contrário do que a propaganda fantasiosa de Melo diz. Portanto, o emocional conta a favor da mudança e a militância de chegada do PT, e de toda a esquerda, contará a favor de Maria do Rosário.

9. Ah, muito importante. Vai decidir o eleitor que vai pra urna. Portanto, a ordem unida é estimular quem quer mudar pra ir pra urna, agitando nossa base social. Sem vacilações, vamos decidir pela vitória. A cidade ganhará com isso!

 


Rodrigo Oliveira

Cientista Político

 

FONTE:

Redes sociais




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