Viva o INEP e o ENEM
UM VIVA AO INEP E AO ENEM !!!
Não vão nos calar! É o recado dado pelos servidores que elaboram a prova do Enem 2021.
Os temas sociais urgentes estão aí em profundidade, mesmo com as tentativas de cerceamento daqueles que, quando deveriam estar a serviço de uma formação plural e questionadora, queriam imprimir um tom conservador ao conteúdo veiculado nos textos. E pode existir uma educação que não seja emancipatória?
A prova diz muito do que fazemos em sala de aula, dos textos que levamos para o debate, da lembrança do passado e, sobretudo, das temáticas que nos cobram posicionamentos hoje. Educação não é neutra, senhores! Educação que não contesta é subserviência!
Os governos passam, os servidores públicos ficam.
Não há prova maior da importância de defendermos os serviços públicos e seus agentes do que essa prova de hoje do Enem. Ela vem para bradar: “Não mexam no serviço público! Não botem tentem desmoralizar nosso trabalho! Vocês não têm esse direito!”. Sim, acharam que podiam infiltrar pessoas que pudessem alterar o banco de itens de questões. Não conseguiram e não conseguirão! Milhares de questões compõem o banco, elaboradas por professores escolhidos pro processos sérios. Professores e professoras de todos os cantos do Brasil. E os itens ficam lá, esperando os exames.
Se queriam jogar na nossa cara a ideologia do governo genocida, nós usamos “Admirável Gado Novo”, do Zé Ramalho, para dizer que não somos massa de manobra. Quem é massa e quem é gado nessa história mesmo?
Se o governo estimula o avanço dos garimpeiros e grileiros nas terras indígenas, a prova traz a denúncia às ameaças sofridas pelos povos originários por mineradoras, mas também por isso que tá aí e que deveria proteger os povos da floresta.
Se a misoginia e o sexismo rolam à solta na boca do presidente e de seus ministros, a prova responde com questão sobre a desigualdade de gênero que impediam as mulheres a mostrar no passado que suas cabeças de cientistas não podiam estar a serviço do patriarcado. Do mesmo modo, a maternidade e desejo feminino não está aí à toa. É a resposta à sociedade conservadora que vê a mulher com uma única função: de ser reprodutora, anulando-se eroticamente em função disso. É como se a prova estivesse dizendo: “O corpo é delas, as regras também”.
E agora eu rio, rio, rio, pondo perpétuo, com o conceito de minorias a partir de Deleuze. O que o povo preto tem a dizer sobre isso? Escutem as falas negras, meu povo! É o que diz a prova do Enem. Ao trazer os quilombolas para o texto, a prova também mostra o seu sonho aquilombado, arredio ao pensamento aprisionado, disposto a cair lutando.
E, por fim, o tema da redação. Ah, esse tema da invisibilidade que impede gente viva de ser cidadã, os fantasmas que perambulam por aí, sem documento, sem auxílio, se segurança social. Invisíveis. Mas também aqueles que, reconhecendo-se pessoas transgêneras lutam para que seus nomes sociais sejam reconhecidos e seus direitos respeitados.
Dignidade! É o que essa prova do Enem traz para nós, professores e alunos, tão achincalhados por esse governo do epistemicídio. A luta nunca foi vencida. Mas não há abandono.
Autoria Desconhecida
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