Concurso para professor em 10 anos
Primeiro concurso para professor estadual em 10 anos no RS atrai candidatos em busca da estabilidade
Vinte e cinco mil pessoas se inscreveram para as provas, que foram aplicadas neste domingo
25/6/2023
Uma carreira docente com estabilidade é o maior desejo entre os candidatos que faziam fila no começo da tarde deste domingo (25) em frente à Escola Técnica Estadual Parobé, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, um dos locais de aplicação de provas do concurso público para professor do Estado, o primeiro em 10 anos.
Em função da chuva, o portão da instituição abriu por volta das 12h20min, 25 minutos antes do horário previsto, para que os candidatos pudessem se abrigar. Seria fechado pontualmente às 13h45min, conforme o edital.
Há 17 anos atuando como professora de Matemática contratada na rede estadual, Patrícia Gomes, 40 anos, quer ser nomeada para ter mais segurança e benefícios.
— É pela garantia dos meus direitos — disse ela, do lado de fora do Parobé, quando a chuva ainda não tinha dado as caras.
Também contratada, uma professora que não quis se identificar frisou que, em caso de ser demitida, sairia sem direito a nada. Por isso a vontade de alcançar uma boa pontuação nos exames e ser chamada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
— Professor contratado não tem fundo de garantia, aumento salarial. Se formos demitidos, saímos com uma mão na frente e outra atrás — ressaltou.
Falta de tempo é desafio
O curto tempo das provas era temido entre os candidatos ouvidos pela reportagem. Seriam quatro horas para completar 60 questões objetivas, marcar os resultados na folha de respostas e ainda escrever uma redação.
— A redação é o mais difícil e o tempo é curto, mas eu me preparei bastante. Fiz concurso preparatório para português e para redação. Também tivemos que estudar legislação e pedagogia, que são temas que vão cair — disse Patrícia, que precisou administrar os estudos com as 40 horas semanais de trabalho em duas instituições de ensino da Capital.
Professora particular de Matemática, Química e Física, Ingrid Pires, 33 anos, veio de Curitiba, no Paraná, somente para fazer as provas. Ela tenta um posto de trabalho no interior do Rio Grande do Sul — o concurso permitiu que o candidato realizasse os exames em um município, mas indicasse outra região para atuar. Seus sonhos são fugir de cidades grandes e a previsibilidade conferida pelo serviço público.
— Como dou aulas particulares, quando chega janeiro e fevereiro, não tenho aluno nenhum. Só fico com dinheiro nesses meses porque acabo conseguindo guardar, me organizar. O bom de ser professor nomeado é que terei salário o ano inteiro — observou.
25 mil candidatos
De acordo com a Seduc, cerca de 25 mil pessoas se candidataram ao concurso para professor do Estado, que prevê 1,5 mil vagas distribuídas em 30 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) nas áreas da Educação Básica, Educação Profissional e Educação Indígena.
As vagas são para professores de Língua Portuguesa, Matemática, Língua Inglesa, Química, Física, Geografia e Biologia, além de profissionais da Educação Especial, Educação Indígena e Educação Profissional. Não foram ofertadas vagas para as áreas de História, Sociologia, Ensino Religioso, Filosofia, Arte, Educação Física e Língua Espanhola, bem como para professores de Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Além de Porto Alegre, as provas foram aplicadas neste domingo nos municípios de Bagé, Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Canoas, Carazinho, Caxias do Sul, Cruz Alta, Erechim, Estrela, Gravataí, Guaíba, Ijuí, Osório, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, Santana do Livramento, Santo Ângelo, São Borja, São Leopoldo, São Luiz Gonzaga, Soledade, Três Passos, Uruguaiana e Vacaria.
Estabilidade e remuneração são alguns dos motivos para prestar concurso público
Quem entra na carreira pública conta com uma série de benefícios garantidos por lei.
18/5/2023
Não é novidade que ser aprovado em um concurso público e conseguir uma vaga no serviço público é o sonho de muitas pessoas, por diferentes motivos. O caminho até a aprovação, porém, passa por uma série de etapas que podem ser consideradas difíceis e cansativas. Para os concurseiros, os benefícios pessoais e profissionais de ser funcionário público vão além das possíveis pedras no meio do caminho.
A verdade é, que além de buscar a realização profissional e a atuação em uma área desejada, existem dezenas de motivos para prestar concurso público. Entre eles, o coordenador pedagógico do curso preparatório para as provas Cetec Concursos, Paulo Marques, defende que o que os alunos mais buscam é a estabilidade oferecida pelo serviço público.
— Outras coisas também chamam atenção, como os salários, a progressão de carreira e mais benefícios. Mas o que mais faz os olhos deles brilharrem é a estabilidade — enfatiza Marques.
A Lei nº 8.112 de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos, pontua todos os benefícios que servidores públicos têm direito. O documento descreve, também, os deveres do funcionário público.
Motivos para prestar concurso público
Estabilidade
Segundo a Lei nº 8.112/90, o servidor aprovado em concurso público e nomeado em algum cargo público efetivo adquirirá estabilidade ao completar dois anos de trabalho. Isso significa que o servidor estável só perderá o cargo “em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa”, como consta na legislação.
O funcionário concursado só pode ser demitido por justa causa. Ou seja, por algum dos motivos listados no artigo 482 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), tais como cometer um ato de improbidade, por condenação criminal do empregado, abandono de emprego, indisciplina, entre outros. Ainda assim, o colaborador tem direito a defender-se perante a lei.
Em empresas privadas, os colaboradores recebem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), um direito trabalhista que garante o depósito de um percentual do salário mensal para oferecer uma espécie de estabilidade caso haja demissão por justa causa. No funcionalismo público, a garantia de estabilidade dispensa a necessidade do FGTS.
Remuneração
Um relatório de 2019 do Banco Mundial indicou que, no Brasil, a média salarial dos servidores federais é 96% mais alta que a média de salários dos funcionários de empresas privadas com as mesmas características (cargo, escolaridade, gênero, cor de pele e idade). Ainda que o dado não seja tão recente, o cálculo da remuneração no serviço público continua o mesmo: salário + vantagens.
No mundo dos concurseiros e concursados, a remuneração é chamada de vencimentos, que é como a lei reconhece a retribuição pecuniária pelo trabalho exercido. O valor é fixado por lei, e normalmente é informado no edital do concurso. O funcionário público recebe, também, algumas vantagens, como adicionais e gratificações.
— Os vencimentos também são outro benefício do concurso público que chama atenção dos candidatos. Atualmente, alguns órgãos públicos estão pagando para cargos de Ensino Médio um inicial de R$ 4 mil e para Ensino Superior, iniciais de R$ 6 mil. Adicionando vale-refeição, vale-transporte e outros adicionais, o valor pode aumentar em 50% — conta Marques, que, além de professor e coordenador pedagógico, é funcionário do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS).
Crescimento profissional
Alguns órgãos e cargos oferecem planos de carreira, com caminhos para o crescimento profissional, também conhecido como progressão de carreira, dos servidores. A possibilidade de ocupar novos cargos ou receber aumentos pode surgir por meio de atingimento de metas, por anos de trabalho, desempenho ou novas titulações e certificações.
— Antigamente, os funcionários ganhavam triênios e quinquênios, mas agora esse sistema foi substituído pelas progressões. A conduta do funcionário é examinada pelo gestor, que observa a produtividade, a seriedade, o relacionamento com colegas, a realização de cursos de aprimoramento e outros fatores. Essa avaliação pode aumentar o salário e trazer novas oportunidades — explica o coordenador do Cetec.
Em outros casos, só é possível mudar de cargo ou receber um aumento significativo fazendo um novo concurso público. Ainda que a preparação para um concurso seja difícil, o processo costuma ser mais simples para quem já garantiu a aprovação uma vez.
Chances de ingresso
Como para entrar no funcionalismo público é necessário ser aprovado em um concurso, é possível dizer que as chances de ingresso são as mesmas para todas as pessoas. Enquanto em uma empresa privada, o processo seletivo consiste em análise de currículo e entrevistas de emprego, podendo conter provas, dinâmicas de grupo e outras etapas. O concurso público conta com apenas a prova teórica e, em alguns casos, provas práticas e de títulos.
Além disso, o concurso público pode ser uma porta de entrada para o mercado de trabalho, uma vez que, no geral, não exige experiência de trabalho prévia. Preenchendo os requisitos básicos da vaga, como idade e escolaridade, e sendo aprovado e classificado nas etapas seletivas, o candidato poderá ser nomeado.
FONTE:
https://profemarli.com/concurso-para-professor-em-10-anos